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Limpeza de ano novo

25 de January, 2016

A pilha de roupas ficava cada vez maior. Quanto mais eu escarvava as profundezas do meu guarda-roupas, mais raridades saiam da escuridão. Elas se entreolhavam ansiosas, aguardando o momento de serem selecionadas. Umas ficam, outras se vão. As escolhidas pra ficar respiravam aliviadas e sabiam que logo voltariam ao conforto da gaveta. As outras apertavam os olhos com ressentimento e sabiam qual seria seu destino.

 

Uma a uma as peças de roupa despediram-se, me olhavam com profunda tristeza, assentiam com pesar, mas entendiam que o ciclo se fechou e, com um olhar de como quem diz “obrigado”, deitavam-se no fundo da sacola plástica destinada à doação.

 

Ao fim deste ritual, não só meu armário, mas meu coração também ficou mais leve.

****************   featured-img   Jaquetas, vestidos, camisetas pretas, mais e mais camisetas pretas, roupas repetidas. Um ser humano comum não precisa de tudo isso. Quantos vestidos azuis você pode usar em uma vida? Por que de ter mais de uma jaqueta jeans? Qual o propósito de tantas calças pretas?  

Separar roupas para doação é um hábito que carrego desde criança, minha mãe sempre incentivou essa prática. “Temos que abrir espaço no guarda-roupas para coisas novas chegarem”, ela dizia. E você se surpreender com o bem que isso pode te fazer.

 

Todo começo de ano é a mesma coisa, tiro TUDO de dentro do guarda-roupas, esvazio todas as gavetas e nem sequer um cantinho fica de fora. Daí começo o processo: a pilha de coisas que vai pra doação e a pilha de coisas que ficam. E na verdade tem uma terceira pilha nessa história, a pilha de roupas que não servem pra doar porque estão danificadas, e vão pra reciclagem. E daí, surge um sentimento inevitável de culpa quando você vê em suas mãos aquela roupa que fez parte de um acontecimento inesquecível da sua vida. Aquela roupa que você usou tantas vezes pra ir pra faculdade. Ou o vestido que você usou no seu primeiro encontro com o seu alguém especial.

 

No fim das contas, a roupa é um tipo de memória. Então, de onde tirar coragem pra descartar essa roupa? A Opra tem uma regra bem útil nesse momento: Quando foi a última vez que você usou essa peça? Se foi a mais de um ano então ela precisa ir para a doação. Não vale a pena guardar objetos só porque eles te lembram bons momentos. As recordações ficam no coração e não nos bens materiais. Felizmente os seres humanos podem acessar memórias a qualquer momento, você não precisa de nenhum esforço pra isso 🙂

 

A regra serve pra qualquer coisa: maquiagem, utensílios de cozinha quebrados, espelhos quebrados, equipamentos que não funcionam e especialmente sentimentos. Aquela mágoa, o rancor que você está guardando porque acha que ainda vai precisar em algum momento só está ocupando espaço no seu coração. Faça também uma limpeza espiritual e deixe ir tudo aquilo que não te faz bem. Como minha mãe dizia: “Temos que abrir espaço pra coisas novas chegarem”, e não tem espaço pra felicidade em um coração abarrotado de mágoas.

   

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