Semana passada, depois de receber um pedido inusitado da minha irmã caçula, que queria de presente algumas animações clássicas da Disney, comecei a me lembrar dos desenhos animados que fizeram parte da minha infância e que foram extremamente importantes durante o meu crescimento.
Fievel Ratowitz
Como não poderia ser diferente, toda a lista de clássicos da Disney está incluída, sem exceções. Mas nem todos eles são da Disney, e me lembrei de uma animação em específico que já estava perdida na memória e que assistir repetidas vezes sem me cansar: Fievel – Um Conto Americano. Essa é uma animação produzida pela Universal e pela Amblin Entertainment, produtora fundada pelo Spilberg, responsável por Uma Cilada para Roger Rabbit. O filme é de 1986, o título original é An American Tail, nessa época os filmes não envelheciam tão rápido, tanto é que só assisti pela primeira vez em 1994. O filme ultrapassou a bilheteria de Rato Basílio – O Grande Mestre dos Detectives, filme da Disney que estreou na mesma época. Além disso, recebeu indicação ao Oscar de “Melhor Canção Original” e ao Globo de Ouro na mesma categoria com a canção “Somewhere Out There”.
O filme se passa no ano de 1885 e conta a história do ratinho Fievel e sua família, os Ratowitz (se lê Ratovit). Eles são judeus e vivem na Russia, onde têm uma vida muito difícil e são constantemente atacados por gatos. Entre os ratos há uma lenda de que na América não existem gatos e as ruas são pavimentadas com queijo. Iludidos por essa crença, eles viajam para Nova York, em busca de uma vida melhor. No caminho Fievel se perde de seus pais no navio em que viajavam, ele chega em NY dentro de uma garrafa e sua família perde as esperanças de encontrá-lo novamente. A partir daí eles vêm que na America existem gatos também e que a vida é tão difícil quanto antes. Fievel passa por uma grande jornada para encontrar seus pais, que por sua vez, passam por enormes dificuldades no novo país.
O mais impressionante desse filme são as metáforas que retratam a ilusão do lugar perfeito. A música cantada pelos ratos diz: “Não existem gatos na América, não há nenhum gato na América, o que há é muito queijo”. Os Ratowitz descobrem que os gatos estão em toda a parte, e que as ruas pavimentadas com queijo na verdade são uma vida com muitas dificuldades e provações que os levam ao caminho da perseverança e superações. Fievel descobre naquele que supostamente seria seu pior inimigo, o melhor amigo: Tigre, um gato persa, que está sempre ao seu lado. Henri, um pombo francês, o ensina a nunca perder a esperança “Não diga nunca, nem diga jamais”. O impressionante final com a tão esperada vingança contra os gatos é impagável. A engenhoca criada pelos ratos, O Gigante Rato de Minsque mostra que os mais fracos, unidos podem ser aterrorizantes. E claro o reencontro da família é simplesmente emocionante.
Esse filme, como muitos das animações mais antigas traz ensinamentos de valores muito importantes, coisas como amizade, perseverança e esperança que, salvo os filmes da Pixar, não tem sido explorados nas animações atuais. Esses ensinamentos são pra se levar por toda a vida, são coisas que estão se perdendo ao longo dos anos, bem como os valores mais essenciais da existência humana. Só me resta recordar e torcer para que algum dia voltem a fazer animações tão lindas e bem produzidas como essa.
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